quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Os Azulejos do Maria Pia:

Todos os domingos apreciava estes belos azulejos. Era aqui que vinhamos obrigados à missa. Esta é a Igreja da Madre de Deus e foi aqui que eu aprendi a gostar de azulejos. De tanto olhar para eles fui apreciando a sua arte. Mas não era só na igreja que havia azulejos. Havia muitos por todo o lado dentro do convento mas os da igreja são painéis enormes. Era impossível não gostar deles.Na altura, eu pertencia à Oficina de Pintura. Faziamos de tudo, desde pintar portas e janelas até ao próprio autocarro do asilo, tudo passava pelas nossas mãos. Um belo dia, alguém resolveu restaurar os azulejos dos claustros, porque aquela zona estava um pouco devastada e uma ala completamente consumida por fogo. Dentro do asilo, que tem uma área enorme, havia vários edifícios completamente arruinados pelas chamas. Um desses edifícios ficava mesmo colado aos claustros. Mas a nossa tarefa eram os claustros. O edifício comido pelo fogo lá ficou na mesma e nem sequer sei se já foi recuperado ou não. A toda a volta dos claustros, no 1º piso, havia painéis de azulejos em muito mau estado. Veio de fora do asilo uma equipa de especialistas que os recuparam de uma forma espectacular. Eu passava horas a ver como eles faziam. Por exemplo, nos locais onde faltavam azulejos eles retiravam toda a sujidade e colocavam no buraco um azulejo em branco. Orientando-se pelo resto do painel o especialista conseguia desenhar o que faltava naquele pedaço. Depois de devidamente tratado o azulejo era lá colocado e dava gosto ver o painel completo. É claro que eu não tinha nada a ver com os azulejos. A minha tarefa era outra. Estava lá toda a oficina de pintura e a mim calhou-me pintar o tecto dos claustros do 1º piso. Não era apenas um trabalho de pintura. Íamos aplicar uma técnica que já andávamos a aprender há algum tempo. Como o tecto era de madeira teríamos que o pintar imitando os veios da madeira de forma saliente. Foi a minha modesta contribuição para a recuperação desta obra. Ainda hoje não sei como se encontra actualmente os claustros porque eu nunca mais lá fui. Depois de ter saído do asilo nunca mais lá fui e podia tê-lo feito mas ainda estava muito 'zangado' com a Casa Pia. Os anos foram passando, assentei arraiais no Algarve o que dificultava ainda mais. Só há pouco tempo é que compreendi que eu não queria lá ir. Se eu naveguei por todos os oceanos, percorri todos os continentes, visitei mais de metade dos países existentes e viajei por quase todo o país, porque é que nunca tinha tempo para lá ir? Mas ficou-me o gosto pelos azulejos. Ás vezes vou à Net dar uma espreitadela. Pelo que vejo por satélite está tudo na mesma. Sei que se instalou lá o Museu do Azulejo mas ainda não compreendi que espaço ocupa naquele espaço.Talvez um dia por lá passe.

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