quarta-feira, 29 de julho de 2009

Eu e Gago Coutinho:

Quando eu era aluno do asilo Nun'Alvares ali na Rua Casas do Trabalho, que agora se chama Rua Alexandre de Sá Pinto, era costume sairmos acompanhados. Ainda hoje não me lembro muito bem o que nós íamos fazer mas o passeio era sempre o mesmo. Íamos em direcção à Ajuda mas não me consigo lembrar onde. Do que eu me lembro muito bem é que a meio caminho, sempre num parque ou jardim havia um velhote que se metia sempre connosco e nós com ele porque já o conheciamos. Gostava muito de conversar connosco e nós dávamos-lhe trela porque não tinhamos muitas oportunidades de conversar com estanhos. O curioso é que os passeios eram sempre interrompidos neste local como se fosse uma paragem obrigatória. Não me lembro do que conversámos, mas sendo nós crianças, nenhuma de nós podia ter mais de 12 anos, visto que era a data limite para sair dali, mas suponho que seria apenas saudades da vida que o dito velhote teria. Este velhote morreu em 1959 com 90 anos, portanto, pelas minhas contas, isto deve ter-se passado no começo da década de 50. Noto ainda que o velhote era muito simpático e uma pessoa a quem todos tiravam o chapéu. Naquele tempo toda a gente usava chapéu. Tirar o chapéu a outra pessoa era um acto de boa educação e um sinal de muito respeito por essa pessoa. Depois, nas escolas do Estado Novo, podia não se ensinar grande coisa mas enaltecia-se muito os seus heróis e este velhote era nada mais nada menos do que GAGO COUTINHO.

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