domingo, 4 de outubro de 2009

Barcos Tradicionais do Tejo:




Barcos Tradicionais do Tejo.
Varinos e botes de fragata fazem parte da grande família de barcos do Tejo, bem como as fragatas, catraios, faluas, canoas, muletas, enviadas e botes de tartarenha, entre outros tipos de embarcações.
Consoante as suas características construtivas e a sua armação, uns destinam-se ao transporte de mercadorias e de passageiros, outros à pesca, tendo em comum uma íntima relação com as condicionantes do próprio estuário e da barra do Tejo, onde navegam e eram instrumentos de trabalho das comunidades ribeirinhas.
A marca de identidade cultural ligada ao estuário do Tejo, é sem dúvida a decoração das embarcações. Os próprios arrais ocupavam-se de manutenção do seu barco, mas em certos períodos e em ocasião de festas o artista decorava-o, criando composições com motivos naturalistas e geométricos, por vezes representando figuras de inspiração local.
Os botes de fragata, actualmente designados por Amoroso, Gaivotas e Baía do Seixal foram adquiridos e recuperados pela Câmara Municipal do Seixal. Conservados e reutilizados como barcos de recreio, tornaram-se importantes recursos culturais e promoção da actividade turística.
Lembro-me de quando se olhava para o Tejo só se viam barcos. Barcos com velas. Havia barcos por todo o lado no rio. Parecia uma avenida com muito trânsito. Hoje quando olhamos para o rio é diferente, o que não admira porque os barcos são todos diferentes de antigamente. A maior diferença que eu verifico são as velas. Ou melhor, a falta delas. Naquela época, em terra só se viam carroças, cavalos e burros e no rio também só se viam barcos à vela. E parece-me que o rei dos barcos, naquele tempo, era a fragata à vela. É dela que eu mais me recordo. O Maria Pia, dantes, não ficava muito longe do rio. Quero dizer, a distância continua a ser a mesma mas naquele tempo podiamos andar directamente para o rio. Agora temos que dar muitas voltas. Há avenidas, o caminho de ferro e o porto. Tudo isto já existia mas ninguém nos travava o caminho. Agora as avenidas estão protegidas por causa das velocidades e o porto por causa dos intrusos. Há muitos obstáculos que não havia dantes. Por vezes, saltávamos o muro e íamos até ao cais onde estavam as fragatas carregadas com amendoins que vinha das colónias. Vinham a granel. Não havia embalagens. Ainda não estava pronto para ser comercializado. Aproveitávamos enquanto os marinheiros íam almoçar. Nornalmente faziam uma fogueira e cozinhavam ali mesmo o peixinho que apanhavam pelo rio acima. Os porões estavam carregados de amendoins e uma das brincadeiras que nós mais gostávamos era dar saltos para dentro do mar de amendoins. Não íamos tanto pelos amendoins mas mais pelas brincadeiras. Até porque os amêndoins estavam crús e um amendoim crú é quease intragável. Se nós levássemos os amendoins para o asilo era preciso torrá-los e isto significava duas coisas. Tinhamos que dividir a nossa porção com os cozinheiros e estes ficavam a saber que tínhamos dado o salto. Não convinha nem uma nem outra. Por isso arrajámos uma solução. Enquanto os marinheiros comiam nós brincávamos e quando eles acabassem nós já estávamos prontos para aproveitar o borralho. Era um óptimo passeio. O grande problema era que nós nunca sabíamos quando havia amendoins. Às vezes íamos lá e as cargas das fragatas eram outras. Quando isso acontecia todos nós nos sentávamos no cais muito tristes, apreciando o navegar das fragatas, o voo das gaivotas ou ouviamos as histórias dos marinheiros mais velhos que já não podiam trabalhar mas que ainda podiam olhar as águas do rio com muitas saudades. É assim que eu me lembro do Tejo, e de tanta história ouvir, no dia da Revolução dos Cravos estava eu numa Companhia de Navegação na Av. 24 de Junho, em Lisboa, a tratar do meu primeiro embarque a bordo de um navio de cruzeiros no Mediterrâneo. O primeiro de muitos e de muitas voltas ao mundo. Embarquei em Lisboa, pela primeira vez, em 2/6/1974 no navio 'Tss Fairstar' rumo a Southampton em Inglaterra.

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